sábado, 15 de maio de 2010

AUTO-LIBERTAÇÃO


" Sentia-me dominada. Imaginava que nunca me libertaria das circunstâncias que me oprimiam, porque isso implicaria o enfrentamento de um penoso desdobramento. Dessa forma, a minha libertação estava cerceada por uma perspectiva de dor, por mim mesma projetada e sustentada. Demorei a perceber aquela dor como um forçoso episódio para prevenir o estruturado sofrimento que já experimentava. Então, aceitava que o medo me entorpecesse e me fizesse acreditar nas tramas que eu mesmo tecia para não fazer o que me era essencial fazer.


Finalmente, realizei que os temidos efeitos de minha libertação não precisavam ser opressores e sim circunstâncias por mim domináveis.


Bastava-me uma decisão interna e, a partir dela, atribuir a todas as repercussões imediatas, objetivas e subjetivas, uma posição subordinada às minhas possibilidades e oportunidades; portanto, sob meu comando. Sim, esse seria o primeiro passo para consolidar a minha libertação: a solitária, íntima e prazerosa decisão de ter a minha vida, enfim, sob meu controle..."

( cotidiano da aldeia - Xamã Ererê - www.xamas.com.br )

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