Publicado em 13.08.2014
CINCO MITOS SOBRE A DEPRESSÃO
A depressão sempre é motivo de muito
debate. Especialmente agora, com a morte do grande ator Robin Williams, que
aparentemente cometeu suicídio, o debate mundial a respeito dessa doença e seus
sintomas ficou ainda mais em evidência. O eterno Patch Adams sofria com uma
depressão profunda, e as especulações são de que ele tenha colocado um fim na
própria vida justamente por conta da doença.
Mundialmente, segundo um estudo
epidemiológico publicado na revista especializada BMC Medicine, 121 milhões de
pessoas estão deprimidas. Esse número é quase quatro vezes maior do que o de
portadores de HIV (33 milhões). Já o Brasil lidera, entre os países em
desenvolvimento, o ranking de prevalência da depressão: 18% da população que
participou da pesquisa do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo
estava deprimida há pelo menos um ano.
É comum que aqueles que poderiam se
beneficiar com um tratamento acabem não tendo acesso a ele, seja por falta de
informação ou até por interpretar os sintomas de maneira errada. Que uma coisa
fique bem clara desde já: depressão não é frescura!
Abaixo listamos cinco dos mitos mais
comuns sobre a condição, para esclarecer de uma vez por todas quão grave é esse
diagnóstico:
Mito 1: Depressão é sinônimo de
tristeza
Muitos conhecidos do ator Robin
Williams que foram entrevistados desde a sua morte falaram que eles nunca o
viram infeliz, ainda que ele sofria de depressão profunda. De acordo com o
Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos, muitas das pessoas que
sofrem de depressão sentem sim uma tristeza esmagadora, mas, em contrapartida,
muitos outros não sentem qualquer emoção específica. A melhor descrição seria
uma sensação de vazio e apatia. E uma vez que a ansiedade muitas vezes
acompanha a depressão, muitos sentem um constante estado de tensão que persiste
por nenhuma razão aparente.
Mito 2: A depressão é um sinal de
fraqueza mental
Parte do estigma que envolve a
depressão é que os outros vão encarar essa doença como um sinal de fraqueza. No
entanto, nós não temos o costume de acusar ninguém que sofra de uma doença
cardíaca, ou tenha câncer, por exemplo, que são doenças que afetam uma ampla
gama de pessoas. A depressão também é uma doença e, mais especificamente
falando, é um transtorno médico absolutamente complexo que tem dimensões
biológicas, psicológicas e sociais. Dessa forma, as pessoas “fortes” também
podem sofrer de depressão grave, e as consequências de não tratá-la são tão
reais e trágicas como em qualquer outro caso de doença grave. Uma condição que
afeta a química do cérebro e do sistema nervoso não é menos devastadora do que
uma que afeta qualquer outra parte do corpo.
Mito 3: A depressão é sempre
situacional
Embora a depressão muitas vezes
apareça por conta de um fato pontual, como perda de um ente querido, divórcio,
estresse no trabalho, etc, ela não precisa desse tipo de faísca para começar. A
depressão normalmente é diagnosticada quando alguém sofre de episódios
prolongados (de pelo menos duas semanas) de desesperança, vazio e letargia que
não têm nenhuma causa aparente. Esses períodos podem se manifestar
inexplicavelmente, mesmo quando os eventos da vida parecem geralmente
positivos. Esta, inclusive, é outra razão de porque depressão e tristeza não
são sinônimos.
Mito 4: Sintomas de depressão são
todos mentais
Embora seja verdade que muitos
sintomas de depressão são coisas que normalmente associamos com a “cabeça”
(emoção, tensão, etc), a condição se manifesta com frequência em todo o corpo.
Sintomas depressivos comuns incluem indigestão, dificuldade em respirar, aperto
no peito e fadiga geral. Alguns pacientes também se queixam de dores musculares
persistentes.
Mito 5: Se você é diagnosticado com
depressão, você usará antidepressivos o resto de sua vida
A forte presença de comerciais de
antidepressivos e insistência da mídia nesse assunto tem tido uma repercussão
negativa. Muitas pessoas têm medo de serem colocadas em um antidepressivo,
mesmo que possam se beneficiar de seus efeitos, porque acham que o medicamento
pode viciar e gerar uma dependência.
A realidade é que nem todo mundo se
beneficia com antidepressivos. Segundo algumas estimativas, cerca de 40% das
pessoas que recebem prescrição para ingerir o medicamento não experimentam
nenhum benefício. Afinal, cada um é cada um. Algumas pessoas reagem melhor a
formas de psicoterapia, como a terapia cognitivo-comportamental, ou uma
combinação de medicação e terapia. Mesmo alguém que obtém bons resultados a
partir de um antidepressivo pode, com supervisão médica, eventualmente, reduzir
essa medicação. Por isso é importante o acompanhamento médico. Só um
profissional irá saber o que receitar e qual o melhor tratamento para cada caso
Nenhum comentário:
Postar um comentário