Hormônios, sim!
Uma nova classe de hormônios, os bioidênticos, aumenta a possibilidade de uma vida mais longa e saudável para o ser humano. E sem os riscos dos hormônios sintéticos tradicionais.
“Se não for adotada uma política global baseada na medicina preventiva, que propicie uma longevidade com melhor qualidade de vida, em breve teremos uma população mundial cada vez mais velha e doente, com a conseqüente quebra dos sistemas de saúde”.
Nascidos das pesquisas realizadas pelo renomado cientista americano Herbert Boyer, os hormônios bioidênticos vieram para revolucionar a medicina preventiva. A principal característica que os fazem especiais é a de serem moléculas com estrutura química exatamente igual a dos hormônios humanos. Essa peculiaridade confere uma maior aceitação do organismo, menos riscos à saúde e considerável abertura para uma nova corrente da medicina, a que trata da longevidade saudável e do antienvelhecimento.
No Brasil, o médico Ítalo Rachid, formado pelo American Board of Anti-Aging Medicine, membro da American Academy of Anti-Aging e da International Hormone Society, lidera 376 médicos que trabalham com esse tipo de hormônios.
Seus cursos e palestras são acompanhados com entusiasmo por um seleto grupo de médicos, entre eles nomes consagrados da medicina, como o doutor Ivo Pitanguy. “Nós precisamos tomar consciência da seriedade de profissionais da medicina que lidam com essa área, para que o tratamento tenha um diagnóstico completo, acompanhamento sério e uma prescrição segura”, afirma a doutora Bárbara Machado, chefe da Clínica Pitanguy, que costuma enviar vários clientes ao médico.
Cearense, com 47 anos – e aparentando 37 – Ítalo Rachid deixou para trás uma clínica bem sucedida em Fortaleza para estudar nos Estados Unidos, durante quatro anos, os usos e aplicações dos hormônios bioidênticos e os novos paradigmas da medicina de antienvelhecimento. .
Uma grande parte da população mundial está envelhecendo e pela primeira vez na história da humanidade as médias de idade em alguns países já superam os 80 anos. Qual a conseqüência disso?
Ítalo Rachid - Enorme. Vemos a expectativa de vida aumentar exponencialmente, sem a menor garantia de uma velhice saudável. Vivemos mais, com o risco crescente de adoecer mais. Não há muita vantagem nisso. Se não for adotada uma política global baseada na medicina preventiva, que propicie uma longevidade com melhor qualidade de vida, em breve teremos uma população mundial cada vez mais velha e doente, com a conseqüente quebra dos sistemas de saúde. Já em 2010, teremos mais de 220.000 centenários nos Estados Unidos e, em 2040, a expectativa média de vida nos países desenvolvidos será de 100 anos. O que vai ser dessas pessoas? Ou, para quem tem mais de cinqüenta anos hoje, o que vai ser de nós?
Temos de considerar que viver muito nunca fez parte da evolução natural do ser humano. A expectativa média de vida na Roma Antiga era de 19 anos; 29 anos, na Idade Média, 36 no século 19 e de apenas 49 em 1930. Nesta mesma década, 23% das pessoas alcançavam os 65 anos de idade. Agora, em países desenvolvidos como os Estados Unidos, essa porcentagem alcança 87%. No Primeiro Mundo, a média de vida é de 84 anos. .
Os Estados Unidos já enfrentam abertamente esse desafio... ?
Ítalo Rachid – Sim. Os Estados Unidos gastam 780 bilhões de dólares por ano só em tratamentos de doenças características da velhice. Para se ter uma idéia desse valor, basta dizer que o total de nossas exportações é de 100 bilhões de dólares, isto é, eles gastam quase sete vezes mais do que o Brasil exporta, só com esse tipo de ação. Cerca de 100 dos 300 milhões de americanos tomam remédios para doenças consideradas inevitáveis da velhice. E 50% deles desenvolvem a demência de Alzheimer quando ultrapassam os 80 anos. Essa situação se torna alarmante quando se sabe que três entre quatro americanos nascidos hoje ultrapassarão os cem anos de idade. São números assombrosos. Segundo a Comissão Para o Estudo do Envelhecimento Mundial, o sistema de saúde americano, se não mudar esse ritmo, estará totalmente quebrado em menos de duas décadas.
Qual a situação do Brasil?
Ítalo Rachid. -- Segundo o IBGE, a população que tem mais de 65 anos no Brasil cresce 25 vezes mais rápido do que a população jovem, que tem até 19 anos. Considerando-se um número total, a população de jovens cresceu 3% e a de velhos, 68%. No Brasil, a expectativa de vida hoje é de 71,6 anos, com uma margem de sobrevida maior ainda se considerarmos apenas as mulheres. Isso acarreta uma mudança significativa na distribuição da força de trabalho. Na década de 70, tínhamos 38 trabalhadores para um aposentado e, em 2007, estima-se que tenhamos seis trabalhadores para cada aposentado. Cada vez teremos menos gente jovem para pagar um número maior de aposentadorias dos mais velhos. Essa já é uma realidade atual nos países do G8: as pessoas deixam de trabalhar em média cinco anos mais cedo, enquanto a taxa de natalidade vem caindo assustadoramente. O pior é que essa população de velhos não é saudável. Hoje se sabe, por exemplo, que 83% da população de brasileiros é sedentária, 60% está acima do peso, 23% é obesa e 29%, hipertensa. .
Isso significa que os critérios da medicina social e das políticas públicas de saúde deverão ser repensados e reavaliados?
Ítalo Rachid -- Sim. A ênfase não pode mais ser apenas na medicina curativa, que é muito dispendiosa. Temos de lidar com um tipo de medicina preventiva, voltado à manutenção da saúde e não só à cura de doenças. Se, por exemplo, os Estados Unidos conseguisse retardar, em apenas quatro anos, o surgimento da doença de Alzheimer, economizaria cinqüenta bilhões de dólares por ano. É claro que jamais poderemos prescindir da medicina curativa. Mas para lidar com essa nova realidade é necessária uma medicina de maior abrangência, mais barata e que assegure uma longevidade mais saudável.
E esse é o foco da medicina antienvelhecimento. Qual diferença entre ela e a geriatria?
Ítalo Rachid – A medicina de antienvelhecimento tem 15 anos de vida, há seis foi incluída no American Board of Medical Specialities e está passando por um processo de reconhecimento em vários lugares do mundo. Reúne 37 disciplinas diferentes, está presente em 88 países e é representada por mais de 38.000 médicos, cientistas e pesquisadores. Sua formação, nos Estados Unidos, exige de dois a quatro anos de estudos e o processo é referendado pelo American Board of Anti-Aging Medicine, sendo o título submetido ao crivo da Graduate School of Philosophy and Education da Harvard University, que valida a qualificação. Este modelo de medicina é baseado em ciência e evidências, e está fundamentado em trabalhos científicos publicados no mais respeitados periódicos científicos do mundo. A medicina antienvelhecimento coloca-se como complementar e necessária à geriatria, pois atua de forma preventiva, preenchendo uma enorme lacuna na medicina tradicional.
O que acontece no corpo humano depois dos 30 anos?
Ítalo Rachid --- Ao redor dessa idade, o organismo parece acionar um botão de auto-desligamento programado e progressivo. É como se deixasse de ir funcionando aos poucos. Hoje são conhecidos 23 “desligamentos”, ou pausas hormonais, que acontecem até o término da existência. A menopausa e a andropausa são os mais conhecidos mas, na verdade, vários sistemas de produção de hormônios vão se desligando ao correr do tempo a partir dessa idade. É importante compreendermos que os hormônios não caem porque nós envelhecemos. Nós envelhecemos simplesmente porque a produção de hormônios cai.
E por que isso acontece?
Seres vivos, passado o auge do período reprodutivo, não interessam mais à natureza. A maioria dos animais morre ao atingir o final da vida reprodutiva. As pausas hormonais fazem parte de um processo de autodestruição. Acontece que nós, seres humanos, estamos vivendo cada vez mais depois desse período. Portanto, vamos ter de compensar essa perda hormonal de algum jeito, para poder envelhecer com mais saúde. A falta de hormônios é capaz de gerar uma enorme quantidade de doenças, pois essas substâncias são mensageiros químicos que se encontram no comando de todos os processos de renovação, reparo e síntese de proteínas no organismo. Um hormônio feminino como o estradiol, por exemplo, não determina apenas a ovulação ou a menstruação da mulher. Ele é responsável por mais de 400 funções regenerativas e de reparo no corpo humano! O GH, ou hormônio do crescimento, também não tem a única função de fazer o indivíduo crescer – ele exerce mais de 150 funções regeneradoras no organismo e deixar de agir no crescimento se esse processo já estiver concluído. Imaginar o crescimento de qualquer parte do corpo com a administração do GH num organismo adulto ou que hormônios são causadores de câncer, são preconceitos que demonstram uma ignorância profunda sobre o assunto. Chega a ser risível.
O que é envelhecer?
Ítalo Rachid – Envelhecer é um processo natural, o envelhecimento é uma fase da vida em que nos preparamos para a morte. O ideal é que possamos atravessá-la com saúde, para poder realizar, com a mente serena, os questionamentos espirituais e filosóficos necessários antes de morrer. Em termos de fisiologia, sabemos hoje, com absoluta clareza, que a inflamação crônica sub-clínica é o principal fenômeno que está por trás de pelo menos 90% do que equivocadamente conhecemos como “doenças inevitáveis da velhice”. Este processo ocorre de forma silenciosa e danifica gradualmente os nossos sistemas de reparo celular. Neste ponto, entra em cena o papel vital dos hormônios, pois estas substâncias são capazes de impedir a expressão dos genes que ativam a inflamação crônica sub-clínica.
Isto é, os hormônios garantem nossa saúde?
Ítalo Rachid – Sim. É absolutamente irracional questionar a eficácia dos hormônios. Eles protegem de doenças tão sérias como o câncer, por exemplo. A sua falta é que pode determinar a doença e não o contrário. São as pessoas mais velhas, que produzem menos hormônios, as mais sujeitas ao câncer. Ao acabar a produção de hormônios no corpo humano, conseqüências nocivas se iniciam. É exatamente por isso que os hormônios (sintéticos) passaram a ser administrados, para compensar a falta dos nossos próprios hormônios. Acontece que as primeiras experiências na produção de hormônios sintéticos faziam parte de um processo, que hoje evoluiu muito. Há alguns anos era impossível reproduzir as mesmas estruturas moleculares dos hormônios sintetizados pelos seres humanos. O hormônio extraído da soja ou mesmo o hormônio sintético retirado da urina de uma égua prenhe não têm as mesmas características dos hormônios humanos. São apenas aproximações, que podem causar efeitos colaterais indesejáveis e ocasionar riscos.
E o que são os hormônios bioidênticos?
Ítalo Rachid – Eles nasceram como desdobramentos das pesquisas de Herbert Boyer, renomado cientista americano. Boyer conseguiu replicar as moléculas dos hormônios humanos utilizando-se de uma técnica denominada engenharia genética recombinante. Com isso, criou hormônios estruturalmente idênticos aos dos seres humanos. Seu feito significa que é possível compensar a falta hormonal empregando hormônios sintéticos idênticos aos naturais, produzindo respostas celulares totalmente fisiológicas. São esses os hormônios utilizados modernamente nos programas de modulação hormonal.
Por que eles são tão poucos conhecidos?
Ítalo Rachid -- Há uma defasagem imensa entre a velocidade com que novos conhecimentos científicos de ponta são produzidos e o que ainda é receitado nos consultórios. É muito difícil para um médico acompanhar as constantes mudanças de paradigma da medicina. Adotar essas mudanças não significa apenas fazer uma constante atualização. A mudança de paradigma implica em abandonar as crenças anteriores e recomeçar tudo, adotando novas referências, que podem até contradizer a verdade estabelecida. Uma mudança de paradigma é uma revolução do conhecimento. Fica difícil para um “medalhão”, que construiu sua carreira em cima de um conhecimento já ultrapassado, ter humildade e reconhecer que as coisas mudaram e que vai ter de aprender tudo de novo. Os hormônios bioidênticos são uma notável mudança de paradigma. Mas há também os que estão abertos para novos conhecimentos. Hoje temos 376 médicos no Brasil que os empregam em programas de modulação hormonal e mais de 40 mil no mundo. A medicina antienvelhecimento é considerada um ramo novo das ciências médicas que traz novos e instigantes parâmetros. Embora isso incomode a quem tem dificuldade de mudar, é preciso entender que todo o conhecimento que temos hoje sobre a medicina foi aglutinado em apenas 10.000 anos de evolução. Mas a velocidade das novas informações, elas já estarão duplicadas em apenas dois anos. Em outras palavras: em 2009, saberemos o dobro do que sabemos hoje sobre medicina.
Os laboratórios se interessam por esse tipo de pesquisa?
Ítalo Rachid -- Estão começando a se interessar. Embora já existam grandes empresas que produzem hormônios bioidênticos para a andropausa, menopausa e somatopausa, as empresas farmacêuticas, de um modo geral, ainda estão muito voltadas para a medicina curativa, que produz remédios para as doenças. Pessoalmente acredito que isso vá mudar rapidamente.
Porque tanta polêmica em torno do uso do GH? Ele também é considerado um hormônio bioidêntico?
Ítalo Rachid – A administração de GH proporciona uma série de melhorias no organismo. Mas deve ser receitado escrupulosamente baseado em critérios científicos, seguindo guidelines (parâmetros) de várias associações médicas internacionais. O que acontece é que alguns profissionais, sabedores da potencialidade benéfica do hormônio, o utilizam sem qualquer preparação profissional anterior, em doses que não seguem as referências médico-científicas. Isso pode causar sérios danos à saúde. É importante ressaltar que a somatopausa, ou desligamento do hormônio GH no organismo, é um fato admitido e consagrado por uma parcela expressiva do pensamento médico contemporâneo. Mas só um médico devidamente treinado e qualificado será capaz de prescrever esse produto com segurança.
A queda na produção de GH é responsável por vários processos degenerativos, como aumento de gordura, perda de massa muscular, adelgaçamento da pele, fragilidade capilar, aumento dos riscos cardiovasculares, redução de resistência imunológica e queda no processamento cerebral, entre outros. Hoje existem hoje mais de 30 mil trabalhos científicos, publicados em periódicos respeitados, que atestam a eficiência e segurança do GH.
As pessoas ainda associam a medicina antienvelhecimento com medicina estética. Qual a diferença?
Ítalo Rachid -- Bem, é natural que uma pessoa fique feliz com a melhora do seu aspecto físico a partir de um tratamento hormonal. Mas esse não é o ponto. A modulação hormonal não existe para garantir a existência de velhinhos cheios de músculos. Essas substâncias são administradas junto com um programa de mudanças de estilos de vida, que inclui boa alimentação, atividade física, um melhor gerenciamento do estresse, bom sono. É uma “receita de bolo” básica, que visa proporcionar uma vida mais saudável e, com certeza, mais plena e feliz.
Em que estágio está a aceitação dos hormônios bioidênticos no Brasil?
Ítalo Rachid – Estamos introduzindo estes novos conceitos no país há oito anos, e um expressivo número de brasileiros já estão sendo beneficiados com a modulação hormonal. Gosto muito de citar Arthur Schopenhauer, que dizia que a verdade científica passa por três fases: “primeiramente é ridicularizada; depois, é violentamente contestada para, finalmente, ser aceita como óbvia.” Acredito que no Brasil estejamos saindo da segunda para ingressarmos na terceira fase desse processo. É só uma questão de tempo.
Realmente esse tratamento é maravilhoso,faço aqui na minha cidade Campo Grande-ms com a Dra Tatiana Guimarães que encontrei no site longevidade saudavel, e estou amando, devido ao resultados minhas amigas ja começaram a fazer tb com a Dra.
ResponderExcluirAbcs Fabiana Coelho