O SIM
O sim é como uma entrega. No sim se condensa a nossa dedicação. O sim a algo e a alguém deixa que tudo seja como é, não importa o que tenha sucedido antes. Por isso, o sim abre a porta ao que se manifesta como um novo e lhe dá boas vindas.
O sim purifica o nosso coração, o nosso sentimento e a nossa mente. O sim é o início de um novo conhecimento, pois então vem ao nosso encontro aquilo a que assentimos. Isso se abre e se mostra a nós, também nos dizendo sim.
Em nossas viagens interiores, vamos passando de um sim ao outro, assim como passamos de um momento ao outro, pois o nosso sim significa, antes de tudo, um sim ao agora, tal como é, ao que está presente diante de mim, tal como é, ao movimento do espírito, tal como é e , naturalmente, também um sim a nós, tal como somos e onde quer que nos encontremos em nossa viagem interior.
Também à contemplação a que chegamos em nossas viagens interiores é um permanente sim, um tranqüilo e recolhido sim, um sim como entrega. É um sim à proximidade e à distância. É um sim àquilo que se manifesta, na forma como se manifesta, é um sim ao mistério, sem tocar nele.
Com esse sim podemos regressar de nossas viagens interiores para o convívio com as outras pessoas, tais como elas são. Retornamos à situação, tal como ela é. Retornamos à tarefa e à renúncia, seja o que for que nelas se revele como conveniente e necessário para nós. Esse sim é, sobretudo, um sim ao amor.
INTEIROS
Inteiros, estamos em paz. Inteiros , estamos recolhidos. Inteiros, estamos no momento, tranquilamente recolhidos no momento. Recolhidos, também estamos inteiros, pois no recolhimento tudo se une em nós e não há oposição internas. Nesse recolhimento tudo está presente da mesma forma por isso, também está em silêncio. Nesse recolhimento estamos inteiramente em nós, porque tudo o mais está conosco. Estamos sós e, ao mesmo tempo, unidos a tudo.
Quando estamos nesse total recolhimento, perdemos de vista os outros e as outras coisas? Perdemos de vista as nossas necessidades, as nossas relações humanas, a plenitude da existência? Pelo contrário. No recolhimento estamos totalmente junto do que precisamos. Estamos totalmente com as outras pessoas, especialmente com aquelas que nos são próximas, que são necessárias para permanecermos vivos e que também precisam de nós para viver.
Nesse recolhimento estamos totalmente no mundo, tal como ele é: com sua glória e beleza, mas também com seus desafios, seus riscos e perigos. Contudo, estamos nele de uma forma diferente, porque total. Com cada indivíduo, também estamos com o todo. Por isso, estando plenamente recolhidos com cada coisa e com cada pessoa, também estamos presentes a tudo mais.
Assim, tudo se torna pleno e inteiro em nós: nosso amor, nossa coragem e ousadia, nosso empenho, nossa alegria, nosso sofrimento, nossa felicidade e nossa desgraça. Por estar inteiro, tudo está presente e recolhido com tudo, inteiramente suportado por tudo e, por isso, infinitamente silencioso.
Por ser silencioso e recolhido, o todo é também imóvel? Pelo contrário. Ele permanece inteiramente em movimento, e jamais chega ao fim, pois o todo está aberto para o momento seguinte e para o totalmente novo. Por isso também estamos presentes em cada momento de um modo diverso e presentes com mais inteireza, centrados e preenchidos de uma outra maneira.
Quando somos inteiros, somos também tudo o mais. O homem inteiro é também totalmente mulher. A mulher inteira é também totalmente homem. Juntos, eles estão totalmente em seus filhos, e seus filhos estão neles. Estamos totalmente com o nosso passado, tal como foi, e permanecemos totalmente naquilo que virá.
A felicidade se torna inteira com a desgraça, a alegria se torna inteira com o sofrimento, e a vida se torna inteira com a morte. Assim também a guerra se torna inteira com a paz, e a paz se torna inteira com a guerra, porque o todo é tudo, e cada coisa só é inteira junto com tudo mais.
Para onde vai, portanto, o nosso caminho? Para um último todo, que está totalmente presente em tudo. Somente nele estamos totalmente recolhidos e tranqüilos.
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