OBÁ
É a orixá que aquieta e densifica o racional dos seres, já
que seu campo preferencial de atuação é o esgotamento dos conhecimentos
desvirtuados.
Comentar sobre nossa amada mãe Obá é motivo de satisfação,
pois, nas lendas, resumem sua existência ao papel de esposa repudiada por
Xangô. Mas, justiça lhe seja feita, as lendas vêm sendo repetidas a tanto
tempo, e às vezes de forma tão empobrecida pelas transmissões orais que, até
como lendas, deixam a desejar e mostram como é deficiente o conhecimento sobre
o campo de ação dos orixás.
Saibam que a orixá Obá que nós conhecemos e aprendemos a
amar e reverenciar é uma divindade regida pelos elementos terra e vegetal, e
forma com Oxóssi a terceira linha de Umbanda Sagrada, que rege o Conhecimento.
Oxóssi está assentado no pólo positivo e irradiante desta linha e Obá está
assentada em seu pólo negativo ou cósmico, que é absorvente.
Esta lenda, na verdade, refere-se a um rei que, como
herdeiro das qualidades de Xangô, tinha várias esposas, que também se
apresentavam como herdeiras das qualidades das orixás femininas. E, se o que
esta lenda conta é verdade, no entanto só se refere a personagens humanos que
eram tidos na conta de semideuses. Mas é só, porque esta história de orixá
disputar pelejas tipicamente humanas e carnais, está mais para coisas humanas
de que mistérios divinos. E, não tenham dúvidas de que os orixás são mistérios
divinos que foram, em muitos casos, descaracterizados pelas próprias lendas,
que visam eternizá-los na mente e nos corações humanos.
Saibam que Obá é uma orixá cósmica cujo elemento original é
a terra, pois ela é orixá telúrica por excelência e atua nos seres através do
terceiro sentido da vida, que é o Conhecimento, que desenvolve o raciocínio e a
capacidade de assimilação mental da realidade visível, ou somente perceptível, que
influencia nossa vida e evolução continua. Já o seu segundo elemento é o
vegetal. Enquanto o orixá Oxóssi, o mitológico caçador, estimula a busca do
conhecimento (evolução), Obá atrai e paralisa o ser que está se desvirtuando
justamente porque assimilou de forma viciada os conhecimentos puros.
O culto à orixá Obá iniciou-se a quatro milênios atrás com a
irradiação simultânea de uma de suas qualidades ou aspectos, a várias partes do
mundo, quando, então, ela se humanizou.
E se nossa amada mãe Obá já recolheu boa parte de seus
filhos encantados que se espiritualizaram, muitos ainda estão evoluindo nos
dois lados da dimensão humana.
Muitos dos seus filhos são, hoje e na Umbanda, alguns dos
mais silenciosos exus e das mais discretas pomba-giras, dos mais aguerridos
caboclos e caboclas, resolutos nas suas ações, precisos nos seus conselhos, e
não são de muita conversa quando sentem que o conhecimento que trazem não é
assimilado por seus médiuns ou pelas pessoas que os consultam.
Agora, deixando os aspectos individuais ou comentários de
apoio, o fato é que nossa amada mãe Obá é uma divindade planetária, regente do
pólo negativo da linha do Conhecimento, que é a terceira linha de forças de
Umbanda Sagrada.
Ela e Oxóssi formam esta linha e atuam em pólos opostos: enquanto
ele estimula a busca do conhecimento, ela paralisa os seres que se desvirtuaram
justamente porque adquiriram conhecimentos viciados, distorcidos ou falsos.
O campo onde Obá mais atua é o religioso. Como divindade
cósmica responsável por paralisar os excessos cometidos pelas pessoas que
dominam o conhecimento religioso, uma de suas funções é paralisar os
conhecimentos viciados e aquietar os seres antes que cometam erros
irreparáveis.
O ser que está sendo atuado por Obá começa a
desinteressar-se pelo assunto que tanto o atraia e torna-se meio apático,
alguns até perdendo sua desvirtuada capacidade de raciocinar.
Então, quando o ser já foi paralisado e teve seu emocional
descarregado dos conceitos falsos, ai ela o conduz ao campo de ação de Oxóssi,
que começará a atuar no sentido de redirecioná-lo na linha reta do
conhecimento.
É certo que esta atuação que descrevemos é a que Obá realiza
através do seu aspecto positivo ou luminoso, por onde fluem suas qualidades,
atributos e atribuições positivas.
Mas como todo orixá cósmico, ela também possui seus aspectos
negativos, que ativa sempre que é preciso acelerar a paralisação de um ser que,
com seus conhecimentos, está prejudicando muitas pessoas e atrapalhando suas
evoluções pois está induzindo-as a seguirem em uma direção contrária à que a
Lei Maior reservou-lhes.
Saibam que todas as doutrinas religiosas rígidas e rigorosas
com seus adeptos têm a sustentá-las a silenciosa atuação de nossa amada mãe
Obá.
Vasto é o campo de atuação de nossa amada mãe Obá e aqui não
dá para mostrá-lo todo. Mas acreditamos que os filhos de Umbanda já entenderam
onde e quando ela atua.
E, porque ela atua de forma silenciosa e vai paralisando os
seres que dão mau uso ao dom do raciocino e aos conhecimentos adquiridos, e
atua preferencialmente no campo religioso, então está na hora de resgatar os
aspectos luminosos dessa amada mãe cósmica e lançar no lixo religioso a lenda
que denigre sua imagem humana, pois foi por amor a nós, espíritos humanos, que
ela se humanizou e ajudou a acelerar nossa evolução.
Que fiquem propagando sua falsa humanização os que um dia
haverão de conhecer as verdades sobre Obá, mas nos domínios de seus aspectos
negativos.
EGUNITÁ
É o Orixá Cósmico aplicador da Justiça Divina na vida dos
seres racionalmente desequilibrados
Fogo, eis o mistério de nossa amada mãe Egunitá, regente
cósmica do Fogo e da Justiça Divina que purifica os excessos emocionais dos
seres desequilibrados, desvirtuados e viciados. Os hindus nos legaram uma
divindade cósmica do fogo, punidora das falhas, dos erros e das paixões humanas
por excelência. Kali, no panteão hindu, é uma divindade temida e evitada por
todos os que desconhecem seu mistério e o porquê de sua existência em oposição
à de Agni, o Senhor do Fogo Divino, do fogo da Fé?
O fato é que todas as irradiações divinas, enquanto são
apenas essências, são neutras. Mas quando se condensam e dão origem aos
elementos, ai se polarizam em todos os sentidos e assumem naturezas bem
distintas. Pois aí, no fogo, surgem Agni e Kali. Ele é o fogo em seu aspecto
positivo e ela o é em seu aspecto negativo, ou o fogo da purificação das
ilusões humanas. Agni é o fogo da fé e Kali é o fogo das paixões humanas. Agni
é pólo masculino e Kali é pólo feminino. Agni é passivo e irradiante e Kali é
ativa e atratora. Agni ilumina o ser e Kali o toma rubro. Agni é o raio dourado
e Kali é o raio rubro. Agni é a serpente flamigea da Fé e Kali é a serpente
rubra da paixão. Agni é a chama que aquece e Kali é o braseiro que queima.
Esperamos que tenham entendido que, se recorremos às
divindades hindus Agni e Kali, foi para mostrar como um mesmo elemento possui
dois pólos, duas naturezas, duas formas de nos alcançar e de nos estimular ou
de nos paralisar; de acelerar ou paralisar nossa evolução; de estimular nossa
fé ou de esgotar nossos emocionais desequilibrados.
Agora, coloquem no lugar de Agni o nosso amado orixá Xangô e
no lugar de Kali a nossa amada mãe Egunitá e teremos os mesmos aspectos
divinos, mas irradiados por divindades humanizadas em solo africano. Teremos a
linha pura do fogo elemental, cujas energias incandescentes e flamejantes tanto
consomem os vícios quanto estimulam o sentimento de justiça, que são as
qualidades, atributos e atribuições de Xangô e Egunitá: aplicar a Justiça
Divina em todos os sentidos da vida!
Afinal, ou entendemos as divindades a partir da ciência ou
até o ano 3000 d.C. ainda estaremos adorando-as somente através dos fenômenos
da natureza. E não é isto que elas desejam de nós, e não foi para isto que
deram inicio à sua renovação através da Umbanda, certo? Nossa mãe Egunitá é
fogo puro e suas irradiações cósmicas absorvem o ar pois seu magnetismo é
negativo e atrai este elemento, com o qual se energiza e se irradia até onde
houver ar para dar-lhe esta sustentação energética e elemental.
Como Egunitá (fogo) é feminina, ela se polariza com Ogum
(ar), que é masculino e lhe dá a sustentação do elemento que precisa, mas de
forma passiva e ordenada. Só assim suas irradiações acontecem de forma ordenada
e alcançam apenas o objetivo que ela identificou. Se ela polarizasse com Iansã,
suas energias não seriam irradiadas porque aconteceria uma propagação delas na
forma de labaredas, já que as duas são de magnetismo e elemento feminino. Eis
ai a chave das polarizações, que obedecem a uma ordenação das irradiações
através dos magnetismos.
O inverso acontece com Ogum, que é passivo e só se torna
ativo em seu segundo elemento, que é o fogo que o alimenta, aquecendo-o e
energizando suas irradiações. Ogum, enquanto aplicador da Lei, atua nos campos
da justiça como aplicador das sentenças.
Logo, se Ogum absorver o fogo de Xangô, que também é passivo
em seu magnetismo, este fogo só irá consumir o ar de Ogum e não irá gerar a
energia ígnea que fluiria como calor através das irradiações retas do seu
magnetismo, que é passivo. Ogum é passivo no magnetismo eólico e ativo em seu
segundo elemento, que é o fogo que energiza (aquece) o ar. Ogum irradia em
linha reta (irradiação continua). Xangô irradia em linha reta (irradiação
continua). Iansã irradia em espirais (irradiação circular). Egunitá irradia por
propagação (irradiação propagada). Xangô polariza com Iansã, e suas irradiações
passivas se tornam ativas no ar (raios); Egunitá polariza com Ogum, e suas
irradiações por propagação magnética assumem a forma de fachos flamejantes.
Observem que Lei e Justiça são inseparáveis e para
comentarmos Egunitá temos de envolver Ogum, Xangô e Iansã, que são os outros
três orixás que também se polarizam e criam campos específicos de duas das Sete
Linhas de Umbanda. Ela é cósmica (negativa) e seu primeiro elemento é o fogo,
que se polariza com seu segundo elemento que é o ar. Portanto, como o fogo é o
elemento da linha da Justiça, ela é uma divindade que aplica a Justiça Divina
na vida dos seres.
E, porque o ar é o seu segundo elemento, que a alimenta e
energiza e é o elemento da linha da Lei, ela é uma divindade que aplica a
justiça como agente ativa da Lei e consome os vícios emocionais e os
desequilíbrios mentais dos seres.
Os vícios emocionais tornam os seres insensíveis à dor
alheia. Os desequilíbrios mentais transformam os seres em tormentos para seus
semelhantes. As divindades têm uma função a realizar e nós sempre seremos
beneficiários de sua atuação. Quando nos paralisam, também estão nos ajudando,
pois estão evitando que continuemos trilhando um caminho que nos conduzirá a um
ponto sem retorno. Ela é a executora da Justiça Divina nos campos da Lei,
regidos por Ogum no pólo positivo da linha pura da Lei.
IANSÃ
É a aplicadora da Lei na vida dos seres emocionados pelos
vícios. Seus campo preferencial de atuação é o emocional dos seres: ela os
esgota e os redireciona, abrindo-lhes novos campos por onde evoluirão de forma
menos “emocional”.
No comentário sobre o orixá Egunitá já abordamos nossa amada
mãe lansã. Logo, aqui seremos breves em nosso comentário sobre ela, que também
foi analisada no capitulo reservado ao orixá Ogum. Como dissemos antes, lansã,
em seu primeiro elemento, e ar e forma com Ogum um par energético onde ele rege
o pólo positivo e é passivo pois suas irradiações magnéticas são retas. lansã é
negativa e ativa, e suas irradiações magnéticas são circulares ou espiraladas.
Observem que lansã se irradia de formas diferentes: é cósmica (ativa) e é o
orixá que ocupa o pólo negativo da linha elemental pura do ar, onde polariza
com Ogum. Já em seu segundo elemento ela polariza com Xangô, e atua como o pólo
ativo da linha da Justiça, que é uma das sete irradiações divinas.
Na linha da Justiça, lansã é seu aspecto móvel e Xangô é seu
aspecto assentado ou imutável, pois ela atua na transformação dos seres através
de seus magnetismos negativos.
lansã aplica a Lei nos campos da Justiça e é extremamente
ativa. Uma de suas atribuições é colher os seres fora-da-Lei e, com um de seus
magnetismos, alterar todo o seu emocional, mental e consciência, para, só
então, redirecioná-lo numa outra linha de evolução, que o aquietará e
facilitará sua caminhada pela linha reta da evolução.
As energias irradiadas por lansã densificam o mental,
diminuindo seu magnetismo, e estimulam o emocional, acelerando suas vibrações.
Com isso, o ser se torna mais emotivo e mais facilmente é redirecionado. Mas
quando não é possível reconduzi-lo à linha reta da evolução, então uma de suas
sete intermediárias cósmicas, que atuam em seus aspectos negativos, paralisam o
ser e o retém em um dos campos de esgotamento mental, emocional e energético,
até que ele tenha sido esgotado de seu negativismo e tenha descarregado todo o
seu emocional desvirtuado e viciado.
Nossa amada mãe Iansã possui vinte e uma lansãs
intermediárias, que são assim distribuídas: Sete atuam junto aos pólos
magnéticos irradiantes e auxiliam os orixás regentes dos pólos positivos, onde
entram como aplicadoras da Lei segundo os princípios da Justiça Divina,
recorrendo aos aspectos positivos da orixá planetária Iansã. Sete atuam junto
aos pólos magnéticos absorventes e auxiliam os orixás regentes dos pólos
negativos, onde entram como aplicadoras da Lei segundo seus princípios,
recorrendo aos aspectos negativos da orixá planetária Iansã. Sete atuam nas
faixas neutras das dimensões planetárias, onde, regidas pelos princípios da
Lei, ou direcionam os seres para as faixas vibratórias positivas ou os
direcionam para as faixas negativas.
Enfim, são vinte e uma orixás lansãs intermediárias
aplicadoras da Lei nas Sete Linhas de Umbanda. Como seus campos preferenciais
de atuação são os religiosos, não é de se estranhar que nossa amada mãe lansã
intermediária para a linha da Fé nos campos do Tempo seja confundida com a
própria Oiá, já que é ela quem envia ao tempo os eguns fora-da-Lei no campo da
religiosidade. lansã do Tempo, não tenham dúvidas, tem um vasto campo de ação e
colhe os espíritos desvirtuados nas coisas da Fé, enviando-os ao Tempo onde
serão esgotados.
Mas, não tenham dúvidas, antes ela tenta reequilibrá-los e
redirecioná-los, só optando por enviá-los a um campo onde o magnetismo os
esvazia quando vê que um esgotamento total em todos os sete sentidos é
necessário. E isto o Tempo faz muito bem! Já lansã Bale, do Bale, ou das Almas,
é outra intermediária de nossa mãe maior lansã que é muito solicitada e muito
conhecida, porque atua preferencialmente sobre os espíritos que desvirtuam os
princípios da Lei que dão sustentação à vida e, como vida é geração e Omulu
atua no pólo negativo da linha da Geração, então ela envia aos domínios de Tatá
Omulu todos os espíritos que atentaram contra a vida de seus semelhantes ao
desvirtuarem os princípios da Lei e da Justiça Divina.
Logo, seu campo escuro localiza-se nos domínios do orixá
Omulu, que rege sobre o lado de “baixo” do campo santo. Mas também são muito
conhecidas as lansãs intermediárias Sete Pedreiras, dos Raios, do Mar, das
Cachoeiras e dos Ventos (lansã pura). As outras assumem os nomes dos elementos
que lhes chegam através das irradiações inclinadas dos outros orixás, quando
surgem as Iansãs irradiantes e multicoloridas. Temos: • uma Iansã do Ar. • uma
Iansã Cristalina. • uma lansã Mineral. • uma Iansã Vegetal. • uma lansã Ígnea.
• uma lansã Telúrica. • uma lansã Aquática. Bom, só por esta amostra dos
múltiplos aspectos de nossa amada regente feminina do ar, já deu para se ter
uma idéia do imenso campo de ação do mistério “Iansã”.
O fato é que ela aplica a Lei nos campos da Justiça Divina e
transforma os seres desequilibrados com suas irradiações espiraladas, que o
fazem girar até que tenham descarregado seus emocionais desvirtuados e suas
consciências desordenadas! Não vamos nos alongar mais, pois muito já foi dito e
escrito sobre a “Senhora dos Ventos”.
NANÃ
Rege sobre a maturidade e seu campo preferencial de atuação
é o racional dos seres. Atua decantando os seres emocionados e preparando-os
para uma nova “vida”, já mais equilibrada.
A orixá Nanã Buruquê rege uma dimensão formada por dois
elementos, que são: terra e água. Ela é de natureza cósmica pois seu campo
preferencial de atuação é o emocional dos seres que, quando recebem suas
irradiações, aquietam-se, chegando até a terem suas evoluções paralisadas. E
assim permanecem até que tenham passado por uma decantação completa de seus
vícios e desequilíbrios mentais. Nanã forma com Obaluaiyê a sexta linha de
Umbanda, que é a linha da Evolução. E enquanto ele atua na passagem do plano
espiritual para o material (encarnação), ela atua na decantação emocional e no
adormecimento do espírito que irá encarnar. Saibam que os orixás Obá e Omulu
são regidos por magnetismos “terra pura”, enquanto Nanã e Obaluaiyê são regidos
por magnetismos mistos “terra-água”. Obaluaiyê absorve essência telúrica e
irradia energia elemental telúrica, mas também absorve energia elemental
aquática, fraciona-a em essência aquática e a mistura à sua irradiação
elemental telúrica, que se torna “úmida”. Já Nanã, atua de forma inversa: seu
magnetismo absorve essência aquática e a irradia como energia elemental
aquática; absorve o elemento terra e, após fracioná-lo em essência, irradia-o
junto com sua energia aquática.
Estes dois orixás são únicos, pois atuam em pólos opostos de
uma mesma linha de forças e, com processos inversos, regem a evolução dos
seres. Enquanto Nanã decanta e adormece o espírito que irá reencarnar,
Obaluaiyê o envolve em uma irradiação especial, que reduz o corpo energético,
já adormecido, até o tamanho do feto já formado dentro do útero materno onde
está sendo gerado .
Este mistério divino que reduz o espírito ao tamanho do
corpo carnal, ao qual já está ligado desde que ocorreu a fecundação do óvulo
pelo sêmen, é regido por nosso amado pai Obaluaiyê, que é o “Senhor das
Passagens” de um plano para outro.
Já nossa amada mãe Nanã, envolve o espírito que irá
reencarnar em uma irradiação única, que dilui todos os acúmulos energéticos,
assim como adormece sua memória, preparando-o para uma nova vida na carne, onde
não se lembrará de nada do que já vivenciou. É por isso que Nanã é associada à
senilidade, à velhice, que é quando a pessoa começa a se esquecer de muitas
coisas que vivenciou na sua vida carnal. Portanto, um dos campos de atuação de
Nanã é a “memória” dos seres. E, se Oxóssi aguça o raciocínio, ela adormece os
conhecimentos do espírito para que eles não interfiram com o destino traçado
para toda uma encarnação.
Em outra linha da vida, ela é encontrada na menopausa. No
inicio desta linha está Oxum estimulando a sexualidade feminina; no meio está
Yemanjá, estimulando a maternidade; e no fim está Nanã, paralisando tanto a
sexualidade quanto a geração de filhos. Nas “linhas da vida”, encontramos os
orixás atuando através dos sentidos e das energias. E cada um rege uma etapa da
vida dos seres.
Logo, quem quiser ser categórico sobre um orixá, tome
cuidado com o que afirmar, porque onde um de seus aspectos se mostra, outros
estão ocultos. E o que está visível nem sempre é o principal aspecto em uma
linha da vida. Saibam que Nanã em seus aspectos positivos forma pares com todos
os outros treze orixás, mas sem nunca perder suas qualidades “água-terra”. Já
em seus aspectos negativos, bem, como a Umbanda não lida com eles, que os
comente quem lidar, certo?
OMOLÚ
É o orixá que rege a morte, ou no instante da passagem do
plano material para o plano espiritual (desencarne)
É com tristeza que temos visto o temor dos irmãos
umbandistas quando é mencionado o nome do nosso amado Pai Omulu. E no entanto
descobrimos que este medo é um dos frutos amargos que nos foram legados pelos
ancestrais semeadores dos orixás em solo brasileiro, pois difundiram só os dois
extremos do mais caridoso dos orixás, já que Omulu é o guardião divino dos
espíritos caídos. O orixá Omulu guarda para Olorum todos os espíritos que
fraquejaram durante sua jornada carnal e entregaram-se à vivenciação de seus
vícios emocionais. Mas ele não pune ou castiga ninguém, pois estas ações são
atributos da Lei Divina, que também não pune ou castiga. Ela apenas conduz cada
um ao seu devido lugar após o desencarne. E se alguém semeou ventos, que colha
sua tempestade pessoal, mas amparado pela própria Lei, que o recolhe a um dos
sete domínios negativos, todos regidos pelos orixás cósmicos, que são
magneticamente negativos. E Tatá Omulu é um desses guardiões divinos que
consagrou a si e à sua existência, enquanto divindade, ao amparo dos espíritos
caídos perante as leis que dão sustentação a todas as manifestações da vida..
Esta qualidade divina do nosso amado pai foi interpretada de
forma incorreta ou incompleta, e o que definiram no decorrer dos séculos foi
que Tatá Omulu é um dos orixás mais “perigosos” de se lidar, ou um dos mais
intolerantes, e isto quando não o descrevem como implacável nas suas punições.
Ele, na linha da Geração, que é a sétima linha de Umbanda,
forma um par energético, magnético e vibratório com nossa amada mãe Yemanjá,
onde ela gera a vida e ele paralisa os seres que atentam contra os princípios
que dão sustentação às manifestações da vida. Em Tatá Omulu descobri o amor de
Olorum, pois é por puro amor que uma divindade consagra-se por inteiro ao
amparo dos espíritos caídos. E foi por amor a nós que ele assumiu a incumbência
de nos paralisar em seus domínios, sempre que começássemos a atentar contra os
princípios da vida. Enquanto a nossa mãe Yemanjá estimula em nós a geração, o
nosso pai Omulu nos paralisa sempre que desvirtuamos os atos geradores.
Mas esta “geração” não se restringe só à hereditariedade, já
que temos muitas faculdades além desta, de fundo sexual. Afinal, geramos
idéias, projetos, empresas, conhecimentos, inventos, doutrinas, religiosidades,
anseios, desejos, angústias, depressões, fobias, leis, preceitos, princípios,
templos, etc. Temos a capacidade de gerar muitas coisas, e se elas estiverem em
acordo com os princípios sustentados pela irradiação divina, que na Umbanda
recebe o nome de “linha da Geração” ou “sétima linha de Umbanda”, então estamos
sob a irradiação da divina mãe Yemanjá, que nos estimula.
Mas, se em nossas “gerações”, atentarmos contra os
princípios da vida codificados como os únicos responsáveis pela sua
multiplicação, então já estaremos sob a irradiação do divino pai Omulu, que nos
paralisará e começará a atuar em nossas vidas, pois deseja preservar-nos e nos
defender de nós mesmos, já que sempre que uma ação nossa for prejudicar alguém,
antes ela já nos atingiu, feriu e nos escureceu, colocando-nos em um de seus
sombrios domínios. Ele é o excelso curador divino pois acolhe em seus domínios
todos os espíritos que se feriram quando, por egoísmo, pensaram que estavam
atingindo seus semelhantes. E, por amor, ele nos dá seu amparo divino até que,
sob sua irradiação, nós mesmos tenhamos nos curado para retomarmos ao caminho
reto trilhado por todos os espíritos amantes da vida e multiplicadores de suas
benesses.
Todos somos dotados dessa faculdade, já que todos somos
multiplicadores da vida, seja em nós mesmos, através de nossa sexualidade seja
nas idéias, através de nosso raciocínio, assim como geramos muitas coisas que
tornam a vida uma verdadeira dádiva divina. Tatá Omulu, em seu pólo positivo, é
o curador divino e tanto cura alma ferida quanto nosso corpo doente. Se orarmos
a ele quando estivermos enfermos ele atuará em nosso corpo energético, nosso
magnetismo, campo vibratório e sobre nosso corpo carnal, e tanto poderá
curar-nos quanto nos conduzir a um médico que detectará de imediato a doença e
receitaria medicação correta.
O orixá Omulu atua em todos os seres humanos, independente
de qual,. seja a sua religião. Mas esta atuação geral e planetária processa-se
através de, uma faixa vibratória especifica e exclusiva, pois é através dela
que fluem as irradiações divinas de um dos mistérios de Deus, que nominamos de
“Mistério da Morte”. Tatá Omulu, enquanto força cósmica e mistério divino, é a
energia que se condensa em torno do fio de prata que une o espírito e seu corpo
físico, e o dissolve no momento do desencarne ou passagem de um plano para o
outro.
Neste caso ele não se apresenta como o espectro da morte
coberto com manto e capuz negro, empunhando o alfanje da morte que corta o fio
da vida. Esta descrição é apenas uma forma simbólica ou estilizada de se
descrever a força divina que ceifa a vida na carne. Na verdade, a energia que
rompe o fio da vida na carne é de cor escura, e tanto pode parti-lo num piscar
de olhos quando a morte é natural e fulminante, como pode ir se condensando em
torno dele, envolvendo-o todo até alcançar o espírito, que já entrou em
desarmonia vibratória porque a passagem deve ser lenta, induzindo o ser a
aceitar seu desencarne de forma passiva.
O orixá Omulu atua em todas as religiões e em algumas é
nominado de “Anjo da Morte” e em outras de divindade ou “Senhor dos Mortos”. No
antigo Egito ele foi muito cultuado e difundido e foi dali que partiram
sacerdotes que o divulgaram em muitas culturas de então. Mas com o advento do
Cristianismo seu culto foi desestimulado já que a religião cristã recorre aos
termos “anjo” e “arcanjo” para designar as divindades. Logo, nada mais lógico
do que recorrer ao arquétipo tão temido do “Anjo da Morte”, todo coberto de
preto e portando o alfanje da morte, para preencher a lacuna surgida com o
ostracismo do orixá ou divindade responsável por este momento tão delicado na
vida dos seres.
O culto a Tatá Omulu surgiu entre os negros levados como
escravos ao antigo Egito, que o identificaram como um orixá e o adaptaram às
suas culturas e religiões. Com o tempo, ele foi, a partir desse sincretismo,
assumindo sua forma definitiva, até que alcançou o grau de divindade ligada à
morte, à medicina e às doenças. Já em outras regiões da África, este mistério
foi assumindo outras feições e outros orixás semelhantes surgiram, foram
cultuados e se humanizaram. “Humanizar-se” significa que o orixá ou a divindade
assumiu feições humanas, compreensíveis por nós e de mais fácil assimilação e
interpretação. Tatá Omulu não vibra menos amor por nós do que qualquer um dos
outros orixás e está assentado na Coroa Divina, pois é um dos Tronos de Olorum,
o Divino Criador. Atotô, meu pai!
Léa Cristina Ximenes, Facilitadora Universalista - ximenes.andrade@gmail.com
Contribuição Cris Kauer
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