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Um
dos postulados básicos do espiritismo é o da pluralidade das existências ou
reencarnação.
A evolução dos espíritos exige inúmeras existências para aperfeiçoar-se. Todos são criados simples e ignorantes, mas seu destino é tornarem-se anjos. A magnitude da meta evidencia a impossibilidade de ser alcançada no curto espaço de uma vida terrena. Um questionamento freqüentemente levantado a essa idéia refere-se ao esquecimento das existências passadas. Afirma-se que esse olvido é contraproducente. Se já vivemos muitas vezes na terra, por que não nos lembramos? Segundo alguns, a lembrança auxiliaria a não repetir os equívocos do passado. Também serviria de incentivo à adoção de um patamar nobre de conduta. Afinal, seria possível correlacionar as dores atuais a específicos erros de outrora. Conseqüentemente, as criaturas teriam interesse em agir com dignidade. A crítica parece sedutora, mas não resiste a uma análise criteriosa. Tenha-se em mente que o esquecimento constitui a regra geral. Raras pessoas têm, naturalmente, a lembrança de seu agir em outras existências. A sabedoria divina certamente possui razões para assim estabelecer. Convém recordar que a lei do progresso rege a vida. Toda a criação está em permanente processo de evolução e metamorfose. Na conformidade dessa lei, os espíritos não retroagem em suas conquistas. As posições sociais mudam constantemente, mas ninguém é hoje pior do que já foi um dia. As conquistas morais e intelectuais dos espíritos jamais são perdidas. Assim, cada homem hoje se encontra no auge de seu processo evolutivo. Ninguém nunca foi no passado mais bondoso ou nobre do que é agora. Ocorre que a maioria absoluta da humanidade possui atualmente inúmeras mazelas morais. Isso evidencia que o passado dos homens, em geral, não é repleto de nobres e belas ações. Nesse contexto, o esquecimento das encarnações pretéritas constitui uma bênção. No âmbito de uma única existência, quantas vezes a criatura deseja esquecer seus equívocos? Não é fácil conviver com a lembrança de atos levianos. Inúmeros relacionamentos periclitam pela dificuldade dos seres humanos relevarem os erros recíprocos. E na verdade os erros são inerentes ao processo de aprender. Não é possível sair da mais completa ignorância e transitar para a angelitude sem cometer equívocos nesse gigantesco caminhar. Para propiciar os acertos necessários, a divindade permite o esquecimento do viver pretérito. O que se viveu persiste na forma de intuições e tendências, simpatias e antipatias, facilidades e dificuldades. Muitas vezes, o inimigo de ontem renasce na condição de um filho. O esquecimento permite a transformação da mágoa em amor. Ante o rostinho rosado e o olhar ingênuo de uma criança, torna-se possível amar a quem ontem odiávamos. Quem outrora nos incomodava hoje nos auxilia na figura de um amigo ou irmão. Sob a bênção do esquecimento, refundem-se as emoções e elos fraternos se estabelecem. Assim, não é relevante lembrar o passado. O importante é viver bem o presente.
Autor:
Equipe de Redação do Momento Espírita.
Publicado por Verdade
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