terça-feira, 13 de setembro de 2011

MARILYN MONROE não se suicidou! (final)






-  Fui mulher como tantas outras e não tive tempo e nem disposição para cogitar de filosofia.


-  Mas fale mesmo assim...


-  Bem, diga então às mulheres que não se iludam a respeito de beleza e fortuna, emancipação e sucesso...Isso dá popularidade e a popularidade é um trapézio no qual raras criaturas conseguem dar espetáculos de grandeza moral, incessantemente, no circo do cotidiano.


- Admite, desse modo, que a mulher deve permanecer no lar, de maneira exclusiva?


- Não tanto.  O lar é uma instituição que pertence à responsabilidade tanto da mulher quanto do homem.  Quero dizer que a mulher lutou durante séculos para obter a liberdade... Agora que a possui nas nações progressistas, é necessário aprender a controlá-la.  A liberdade é um bem que reclama senso de administração, como acontece ao poder, ao dinheiro, à inteligência...


Pensei alguns momentos na fama daquela jovem que se apresentara à Terra inteira, dali mesmo, em Hollywood, e ajuntei:


- Miss Monroe, quando se refere à liberdade da mulher, você quer mencionar a liberdade do sexo?


- Especialmente.


- Porquê?


- Concorrendo sem qualquer obstáculo ao trabalho do homem, a mulher, de modo geral, se julga com direito a qualquer tipo de experiência e, com isso, na maioria das vezes, compromete as bases da vida.  Agora que regressei à Espiritualidade, compreendo que a reencarnação é uma escola com muita dificuldade de funcionar para o bem; toda vez que a mulher foge à obrigação de amar, nos filhos, a edificação moral a que é chamada.


-  Deseja dizer que o sexo...


-  Pode ser comparado à porta da vida terrestre, canal de renascimento e renovação, capaz de ser guiado para a luz ou para as trevas, conforme o rumo que se lhe dê.


-  Ser-lhe-ia possível clarear um pouco mais este assunto?


-  Não tenho expressões para falar sobre isso com o esclarecimento necessário;  no entanto, proponho-me a afirmar que o sexo é uma espécie de caminho sublime para a manifestação do amor criativo, no campo das formas físicas e na esfera das obras espirituais, e, se não for respeitado por uma sensata administração dos valores de que se constitui, vem a ser naturalmente tumultuado pelas inteligências animalizadas que ainda se encontram nos níveis mais baixos da evolução.


- Miss Monroe – considerei, encantado, em lhe ouvir os conceitos -, devo asseverar-lhe, não sem profunda estima por sua pessoa, que o suicídio não lhe alterou a lucidez.


- A tese do suicídio não é verdadeira como foi comentada – acentuou ela sorrindo. Os vivos falam acerca dos mortos o que lhes vem à cabeça, sem que os mortos lhes possam dar a resposta devida, ignorando que eles mesmos, os vivos, se encontrarão, mais tarde, diante desse mesmo problema... A desencarnação me alcançou através de tremendo processo obsessivo.  Em verdade, na época, me achava sob profunda depressão.  Desde menina, sofri altos e baixos, em matéria de sentimento, por não saber governar a minha liberdade...Depois de noites horríveis, nas quais me sentia desvairar, por falta de orientação e de fé, ingeri, quase semi-inconsciente, os elementos mortíferos que me expulsaram do corpo, na suposição de que tomava uma simples dose de pílulas mensageiras do sono...


- Conseguiu dormir na grande transição?


- De modo algum.  Quando minha governanta bateu à porta do quarto, inquieta ao ver a luz acesa, acordei às súbitas da sonolência a que me confiara, sentindo-me duas pessoas a um só tempo... Gritei apavorada, sem saber, de imediato, identificar-me, porque lograva mover-me e falar, ao lado daquela outra forma, a vestimenta carnal que eu largara... Infelizmente para mim, o aposento abrigava alguns malfeitores desencarnados que, mais tarde, vim a saber, me dilapidavam as energias.  Acompanhei, com indescritível angústia, o que se seguiu com o meu corpo inerme; entretanto, isso faz parte de um capítulo do meu sofrimento que lhe peço permissão para não relembrar...


- Ser-lhe-á possível explicar-nos porque terá experimentado essa agudeza de percepção, justamente no instante em que a morte, de modo comum, traz anestesia e repouso?


- Efetivamente, não tive a intenção de fugir da existência, mas, no fundo, estava incursa no suicídio indireto.  Malbaratara minhas forças, em nome da arte, entregara-me a excessos que me arrasaram as oportunidades de elevação... Ultimamente fui informada por amigos daqui de que não me foi possível descansar, após a desencarnação, enquanto não me desvencilhei da influência perniciosa de Espíritos vampirizadores a cujos propósitos eu aderira, por falta de discernimento quanto às leis que regem o equilíbrio da alma.


- Compreendo que dispõe agora de valiosos conhecimentos, em torno da obsessão...


- Sim, creio hoje que a obsessão, entre as criaturas humanas, é um flagelo muito pior que o câncer.  Peçamos a Deus que a ciência do mundo se decida a estudar-lhe os problemas e resolve-los...


A entrevistada mostrava sinais de fadiga e, pelos olhos da enfermeira que lhe guardava a cabeça no regaço amigo, percebi que não me cabia avançar.


- Miss Monroe – conclui -, foi um prazer para mim este encontro em Hollywood.  Podemos, acaso, saber quais são, na atualidade, os seus planos para o futuro?


Ela emitiu novo sorriso, em que se misturavam a tristeza e a esperança, manteve silêncio por alguns instantes e afirmou;


- Na condição de doente, primeiro, quero melhorar-me... Em seguida, como aluna no educandário da vida, preciso repetir as lições e provas em que fali...Por agora, não devo e nem posso ter outro objetivo que não seja reencarnar, lutar, sofrer e reaprender.


Pronunciei algumas frases curtas de agradecimento e despedida e ela agitou a pequenina mão num gesto de adeus.  Logo após, alinhavei estas notas, à guisa de reportagem, a fim de pensar nas bênçãos do Espiritismo Evangélico e na necessidade da sua divulgação. 
(IRMÃO X) 

Texto extraído do livro “Estante da vida” (Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira), autoria do Espírito Irmão X, psicografado por Francisco Cândido Xavier.
colaboração de José Araújo

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