Existem
vários padrões emocionais e sentimentos negativos que mantemos como uma forma
de permanecermos conectados aos familiares e antepassados. Na maioria das vezes
fazemos isso de forma inconsciente. É o que eu chamo de ligação pelo
sofrimento. É uma forma de adoecida de demonstrar amor e lealdade.
A
tentativa de rompimento desse tipo de ligação por parte de um membro da família
poderá provocar sentimentos de culpa e
traição. Por outro lado a família também poderá acusar e sentir traída por
aquele que deseja romper a ligação pelo sofrimento.
Esse
conjunto de sentimentos levam então a uma auto-sabotagem daquele que deseja se
libertar, levando-o a perpetuar sentimentos e padrões negativos por uma vida
inteira, além de passar para os filhos fazendo com que a negatividade sobreviva
através das gerações.
Vamos
exemplificar. Imagine uma criança que tem uma mãe muito cobradora e
perfeccionista, que gosta de ditar os passos da criança mesmo quando ela já
teria condições de tomar certas decisões sozinha. Como toda criança sente
necessidade de ser reconhecida e amada pelos pais, a tendência é que ela faça
tudo para agradar a mãe e obter sua aprovação.
Durante a infância, ela enxerga o comportamento da mãe como algo normal,
pois não tem experiência nem amadurecimento pra perceber o que acontece.
Sente-se pressionada a infância inteira, mas não se dá conta que poderia ser
diferente. Depois que vai crescendo, pode perceber como esse padrão de tentar
agradar a mãe a todo custo para obter seu reconhecimento é sufocante e como já
deixou de fazer coisas que gostaria para agradá-la, carregando assim várias
frustrações. A partir daí, a então adolescente ou adulta tenta romper o padrão
e experimenta fazer algo que deseja diferente do que a mãe gostaria. Surge
então o sentimento de culpa por não ter agradado a mãe. E a mãe por sua vez,
provavelmente reforçará esse sentimento cobrando e fazendo chantagem emocional.
Cria-se
um relacionamento baseado no sofrimento, mas que pode parecer “amor” e
dedicação de parte a parte. A mãe se acha muito preocupada e dedicada e só quer
o bem da filha, quando no fundo age baseada em sentimentos egoístas e
necessidade de controlar. E a filha passa por cima de suas vontades, e vai
acumulando inconscientemente frustração e raiva da mãe. Age como se fosse a
boazinha e aceita as imposições e as vezes fará até parecer que suas vontades
são iguais as da mães, para obter reconhecimento. Tudo vai se acumulando gerando infelicidade e acaba aparecendo em
forma de dificuldades de relacionamento e até doenças físicas . Esses padrões
normalmente são passados de geração em geração. Basta investigar um pouco a
relação da mãe com a avó e veremos provavelmente um repetição de comportamento.
Essas
ligações de sofrimento ocorrem de variadas forma. Um outro exemplo. Uma mãe que
perde um filho e passa uma vida inteira guardando a tristeza da perda. Muitas
vezes o sentimento acaba sendo cultivado e essa mãe não se permite dissolver a
tristeza e ficar em paz para manter uma ligação com o filho. Já tratei vários
casos de perdas com a EFT, inclusive de mães que perderam filhos. Como é um
trabalho emocional muito profundo, ele acaba dissolvendo a tristeza e trazendo
paz interior, apesar da perda que a mãe sofreu. Entretanto, em vários
atendimentos já vi a pessoa expressar ou demonstrar que não quer dissolver totalmente
aquele sofrimento, por que se sentiria como se estivesse se afastando da pessoa
que se foi. A lógica emocional é que, se você ama, tem que sofrer com a perda o
resto da vida. Se ficar em paz, é porque não ama mais ou não amava tanto assim.
A pessoa sente como se estivesse traindo ou abandonando o ente querido que se
foi. “Um pouco dessa tristeza é saudável , como posso ficar totalmente em paz
depois de uma perda como essa? É uma ferida aberta que nunca vai cicatrizar.
Tenho muito amor pelo meu filho”. Esses são pensamentos que podem ser
verbalizados o que estão rodando o inconsciente.
Na
verdade, quando dissolvemos a tristeza ou o
sentimento de luto, resta uma ligação boa associada a uma paz interior.
O amor permanece e a necessidade do sofrimento desaparece. É possível então
pensar na pessoa que morreu e sentir apenas bons sentimentos. Para a mente e
para o ego, acostumados a sofrer, isso parece totalmente impossível. No
entanto, um trabalho bem conduzido com a EFT leva a esses resultados na maior parte
dos casos.
Atendi
por um tempo uma cliente que tinha depressão e ela percebia claramente dentro
de si, pensamentos e sentimentos dizendo que ela não poderia ou não deveria ser
feliz por que a mãe dela sofreu a vida inteiro e morreu com depressão. Como ela poderia então ser feliz se a mãe não
teve esse direito? É o sofrer em solidariedade, uma forma doente de demonstrar
que ama. Por mais estranho que possa aparecer, esses pensamentos são bem comuns
em casos de família com depressão. Boa parte das vezes são pensamentos inconscientes que precisam ser descobertos
para que possam ser curados com a EFT.
Essa
ligação também pode se manifestar na vida financeira e travar o crescimento de
alguém que se sentirá culpado se conseguir levar uma vida melhor que a dos
pais. Poderá haver falta progresso nos estudos para que o filho não se sinta
muito distante e afastado dos pais e outros familiares.
Em casos de família o b e s a s, um membro que queira e m a g r e c e r poderá se sentir culpado.
Uns e m a g r e c e m e depois voltam ao
peso inicial para que se sintam mais aceitos pelos familiares.
A
escolha de relacionamentos, repetição de
vícios, o desenvolvimento de doenças físicas podem estar relacionados ao padrão
de perpetuação e ligação pelo sofrimento.
Enfim, é
possível ver essa ligação nas mais diversas áreas.
É
preciso ficar atento para que possamos identificar e sair dessa armadilha que
nos leva a uma grande auto-sabotagem inconsciente.
André
Lima - www.eftbr.com.br
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Postado por
Sonia Gomes www.portaldosanjos.ning.com/
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